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O preço do ouro disparou e os ETFs que investem nesse metal precioso atingiram valores históricos.

ETF de Ouro bate recorde de valor, mas ninguém está comprando?

O preço do ouro disparou e os ETFs que investem nesse metal precioso atingiram valores históricos. Mas um dado curioso chamou atenção do mercado: apesar do salto no valor total, a quantidade de ouro físico sob custódia desses fundos não aumentou. O que está acontecendo com os ETFs de ouro? Neste artigo, vamos destrinchar os bastidores por trás dessa alta e entender o que isso significa para quem está pensando em investir em ouro na bolsa.

Cotação atual do ouro (abril/2025): US$ 3.434,11 por onça troy (Ouro Futuros – GCM5), com alta de +8,81 (+0,26%) no momento da redação deste artigo.

Gráfico de barras douradas sobre barras de ouro representando a valorização do preço do ouro.

O que está por trás do novo recorde dos ETFs de ouro?

Nos últimos meses, vimos uma valorização expressiva na cotação do ouro, que atingiu novos patamares históricos em dólar. Naturalmente, isso se refletiu no valor total dos ativos sob gestão dos ETFs que replicam o desempenho do ouro. Segundo o World Gold Council, os ETFs de ouro agora detêm mais de US$ 365 bilhões em ativos, bem acima dos US$ 240 bilhões registrados no ano anterior.

Mas aqui vai a pegadinha: esse número não significa que os investidores estão comprando toneladas e mais toneladas de ouro. O que aumentou foi o preço do ouro, e não o volume de metal adquirido pelos fundos.

Esse movimento levanta uma dúvida importante: por que os ETFs estão mais valiosos, mas sem comprar mais ouro? Essa é a questão que vamos destrinchar ao longo do artigo.

Quantidade de ouro físico em queda: o dado que surpreendeu

Apesar do valor total recorde, a quantidade de ouro físico detida por esses fundos está longe do seu pico. Atualmente, os ETFs de ouro possuem cerca de 3.512 toneladas métricas, o equivalente a aproximadamente 113 milhões de onças troy. Esse volume é significativamente inferior ao recorde de 3.919 toneladas métricas, registrado em outubro de 2020.

Para efeito de comparação:

  • 2020: 3.919 toneladas métricas
  • 2024: 3.512 toneladas métricas
  • 2012: 2.800 toneladas métricas

Em resumo, o volume físico aumentou apenas 25% desde 2012, mas caiu mais de 10% desde seu ápice. Isso mostra que os ETFs não estão acumulando ouro, mesmo com o crescimento expressivo do preço.

Por que os ETFs não estão comprando mais ouro?

Existem diversas possíveis explicações para essa aparente contradição. A primeira delas é que, mesmo com o aumento da cotação do ouro, os investidores institucionais não estão vendo tanto valor em comprar mais ouro físico neste momento.

Outro ponto relevante é o comportamento do investidor moderno. Muitos preferem utilizar os ETFs como uma forma de manter exposição ao ouro sem necessariamente ampliar suas alocações em momentos de alta. Isso evita comprar “topo” e permite um rebalanceamento mais racional.

Além disso, o ambiente de juros altos em várias economias desenvolvidas, como os EUA, diminui o apelo do ouro como proteção. Afinal, o ouro não paga dividendos nem juros, o que o torna menos atrativo frente a títulos públicos ou fundos de renda fixa.

 

Vale a pena investir em ouro agora?

Essa é a pergunta de um milhão de dólares — ou melhor, de 365 bilhões. Com o preço do ouro nas alturas, muitos se perguntam se ainda há espaço para valorização ou se já estamos próximos de um ponto de inflexão.

Historicamente, o ouro tem sido um porto seguro em tempos de instabilidade geopolítica e econômica. Guerras, crises bancárias, inflação descontrolada — tudo isso costuma impulsionar a demanda por ouro. Mas atenção: isso não significa que o ouro subirá eternamente.

Para quem busca diversificação, o ETF de ouro pode ser um bom complemento à carteira, mas dificilmente deve ser o ativo principal. Seu papel é atuar como um escudo, não como a espada.

Principais ETFs para investir em ouro na bolsa

Se você pensa em se expor ao ouro por meio da bolsa de valores, existem alguns ETFs que se destacam globalmente e até mesmo estão disponíveis para investidores brasileiros que utilizam corretoras internacionais:

  • SPDR Gold Shares (GLD) – Um dos maiores e mais líquidos ETFs do mundo.
  • iShares Gold Trust (IAU) – Alternativa com taxas menores que o GLD.
  • VanEck Gold Miners ETF (GDX) – Investe em ações de mineradoras de ouro, e não no metal em si.

Esses produtos permitem uma exposição prática e relativamente segura ao ouro, sem a necessidade de lidar com o armazenamento físico do metal.

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Entendendo o comportamento do preço do ouro

O preço do ouro é influenciado por uma série de fatores:

  • Taxa de juros reais (quanto menor, mais atrativo fica o ouro)
  • Inflação e perda de poder de compra
  • Crises políticas ou geopolíticas
  • Valorização ou desvalorização do dólar
  • Demanda por proteção em momentos de incerteza

Por isso, mesmo com a alta recente, o ouro pode continuar subindo — ou corrigir bruscamente, caso os fundamentos mudem. O investidor precisa entender que ouro não é um ativo de crescimento, e sim de preservação.

Como o investidor pode interpretar esse movimento?

A lição aqui é clara: nem sempre um aumento no valor de um ETF significa mais compra do ativo que ele representa. No caso do ouro, o que está valorizando os ETFs é o próprio preço do ouro, e não novas entradas de capital comprando mais metal.

Esse tipo de leitura ajuda o investidor a evitar armadilhas. Ao analisar um ETF de ouro, é importante observar:

  • A quantidade real de ouro que o fundo detém
  • O tipo de exposição oferecida (metal físico ou ações de mineradoras)
  • Os custos envolvidos, como taxa de administração

Isso permite tomar decisões mais embasadas e alinhadas com seus objetivos de longo prazo.

Conclusão: ouro em alta, mas com cautela

A valorização recorde dos ETFs de ouro mostra como o mercado continua vendo valor no metal precioso, especialmente como proteção contra riscos sistêmicos. Mas o fato de não haver um aumento proporcional nas compras de ouro físico revela um comportamento mais cauteloso por parte dos investidores.

Para quem pensa em investir em ouro na bolsa, a principal recomendação é manter os pés no chão. O ouro segue sendo uma excelente forma de diversificação, mas não deve ser tratado como uma fórmula mágica de enriquecimento.

Antes de qualquer movimento, estude os ETFs disponíveis, acompanhe a cotação do ouro e entenda como ele se comporta em diferentes ciclos econômicos.

Porque, no fim das contas, mais importante do que saber onde o ouro está brilhando é saber por que ele está brilhando agora.

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Tony Martins

Olá, sou Tony Martins, um entusiasta do mundo dos investimentos no Brasil e nos EUA, com mais de vinte anos de experiência empresarial. Criei este blog com o objetivo de compartilhando conhecimentos e insights acumulados ao longo de minha jornada. Minha missão é simplificar o universo dos investimentos, fornecendo informações valiosas e práticas para ajudá-lo a tomar decisões informadas e construir um futuro financeiro sólido.
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