A Kepler Weber (KEPL3) é uma das empresas mais representativas quando se fala em infraestrutura para o agronegócio brasileiro. Seu desempenho na bolsa está intimamente ligado à saúde do setor rural, à dinâmica de safra e ao apetite por investimentos em armazenagem. No resultado do primeiro trimestre de 2025 (1T25), a companhia apresentou um conjunto de dados que merece ser analisado com cuidado. Quedas relevantes nas margens e lucros contrastam com avanços em segmentos estratégicos. Neste artigo, vamos destrinchar os detalhes.

Conteúdo
- 1 O que faz a Kepler Weber e por que ela importa para o investidor
- 2 Destaques do Resultado 1T25 da Kepler Weber
- 3 Segmentos que seguraram o desempenho
- 4 Redução do caixa e pressão na rentabilidade
- 5 Capex e foco no longo prazo
- 6 Quando a Kepler Weber paga dividendos?
- 7 Pontos positivos e riscos para acompanhar
- 8 Considerações finais
O que faz a Kepler Weber e por que ela importa para o investidor
A Kepler Weber é uma indústria de base instalada em Panambi (RS), especializada em equipamentos para armazenagem e movimentação de grãos. Na prática, ela fabrica silos, secadores, transportadores e sistemas automatizados que ajudam produtores rurais, cooperativas, agroindústrias e terminais portuários a armazenar e proteger suas colheitas.
Se você acompanha notícias sobre Kepler Weber, provavelmente já ouviu que ela é considerada uma das poucas empresas do setor de “Agro na Bolsa“. Isso porque ela atua numa etapa fundamental da cadeia agroindustrial: a pós-colheita. A eficiência nessa fase impacta diretamente na rentabilidade do produtor.
Outro ponto importante é que a companhia tem expandido suas operações internacionalmente, vendendo soluções para países da América Latina como Paraguai, Argentina e Uruguai. Essa diversificação ajuda a suavizar os ciclos do mercado doméstico.
Destaques do Resultado 1T25 da Kepler Weber
O balanço da Kepler Weber (KEPL3) referente ao 1T25 mostrou uma empresa em transição: enfrentando os ventos contrários do agro brasileiro, mas ao mesmo tempo fortalecendo suas bases para capturar valor no médio e longo prazo.
Principais números financeiros:
- Receita Líquida: R$ 357,2 milhões (queda de 6,1% em relação ao 1T24)
- EBITDA: R$ 52,9 milhões (retração de 41,5% ano contra ano)
- Lucro Líquido: R$ 25,6 milhões (queda de 51%)
- Margem EBITDA: 14,8% (queda de 9 pontos percentuais)
- ROIC: 28,8%, ainda elevado, mas inferior aos 43% do 1T24
O que chama a atenção é que a empresa não perdeu receita em proporção à queda no lucro. Ou seja, o problema principal esteve nas margens. Isso ocorreu porque a companhia precisou reduzir os preços médios praticados para manter a competitividade diante de um mercado com menor apetite por investimentos.
Segmentos que seguraram o desempenho
Apesar da pressão sobre os resultados consolidados, algumas áreas da companhia tiveram desempenho positivo e mostraram resiliência:
Destaques por segmento:
- Reposição & Serviços: Receita de R$ 73,2 milhões (+28,6%)
- Internacionalização: Receita de R$ 40,9 milhões (+5,3%)
- Fazendas: Estável, com queda de apenas 0,2% e margem bruta de 21,4%
O destaque fica para o setor de Reposição e Serviços, que apresentou o melhor desempenho do trimestre, com margens elevadas e crescimento expressivo. A empresa tem focado na criação de uma base de receitas recorrentes, o que suaviza os efeitos da sazonalidade e dos ciclos de safra.
Enquanto isso, a estratégia de internacionalização segue se pagando. Mesmo com o real valorizado e menor competitividade cambial, a companhia conseguiu crescer em mercados fora do Brasil, um ponto extremamente positivo.
Redução do caixa e pressão na rentabilidade
Um dos pontos de atenção no balanço da Kepler Weber (KEPL3) foi a redução do caixa líquido, que caiu de R$ 114,4 milhões para R$ 54,6 milhões em 12 meses. Apesar de ainda manter uma posição líquida positiva, a empresa consumiu recursos no 1T25.
Alguns fatores explicam essa queda:
- Sazonalidade: menos adiantamentos de clientes no início do ano
- Investimentos em modernização e novos produtos
- Recompra de ações e amortização de dívidas
O fluxo de caixa operacional foi negativo no trimestre, mas isso não representa um desequilíbrio estrutural. Historicamente, o primeiro trimestre é mais fraco nesse quesito devido à natureza do ciclo de vendas da companhia.
Capex e foco no longo prazo
Mesmo com a pressão de curto prazo, a empresa manteve firme o plano de investimentos (Capex), alocando R$ 17,2 milhões no trimestre. Esse movimento reforça a estratégia da gestão de preparar a companhia para ganhar eficiência e competitividade nos próximos ciclos.
Distribuição do Capex:
- 35% para modernização industrial
- 22% para novos produtos (como Biocav e Seletron)
- 8% para TI (ERP SAP)
- 35% em manutenção e operação
A empresa demonstra uma postura proativa: mesmo com pressão nos resultados, não cortou investimentos essenciais. Pelo contrário, manteve sua agenda de inovação e eficiência.
Quando a Kepler Weber paga dividendos?
Se você chegou até aqui se perguntando “quando a Kepler Weber paga dividendos?”, a resposta é: em abril de 2025 foram pagos R$ 0,4038 por ação, referentes ao lucro do exercício de 2024.
O payout total foi de 48,7%, o que mostra um bom compromisso com a remuneração dos acionistas. Com base na cotação de R$ 7,85, o dividend yield anualizado gira em torno de 5,1%.
Embora a empresa não tenha política fixa de dividendos trimestrais, historicamente ela é consistente na distribuição anual, o que torna KEPL3 uma ação interessante para quem busca combinação de valor e renda passiva.
Pontos positivos e riscos para acompanhar
Pontos positivos:
- Receita com serviços e internacionalização em alta
- ROIC ainda acima de 25%
- Boa disciplina de custos administrativos
- Endividamento sob controle
- Dividendos pagos acima do mínimo legal
Pontos de atenção:
- Margens pressionadas pela necessidade de descontos comerciais
- Redução do caixa operacional no trimestre
- Forte dependência do ciclo de safra e do crédito rural
Como em todo ativo cíclico, o momento pode parecer frágil, mas ele costuma representar ponto de entrada para quem pensa no longo prazo.
Considerações finais
A Kepler Weber (KEPL3) entregou um 1T25 de ajustes, mas com boas indicações para o futuro. A capacidade de crescer em segmentos recorrentes, manter o foco no longo prazo e preservar a rentabilidade sobre o capital investido reforçam a robustez da empresa.
Quem acompanha o Agro na Bolsa sabe que o setor é cíclico, mas empresas como a Kepler mostram que é possível atravessar fases adversas com estratégia e disciplina.
Fique atento à evolução da Safra 2025, à normalização dos créditos rurais e à recuperação das margens operacionais. Esses serão os grandes vetores para a recuperação dos resultados.